Toda sexta-feira escrevei algo sobre minha experiência no mercado editorial. Quero aproveitar este espaço para compartilhar alegrias, desabafos e dicas de sobrevivência na selva dos livros!
Para inaugurar esta coluna, quero comentar sobre organização no trabalho.


Estou longe de ser a pessoa mais organizada do mundo, e isso é algo que me acompanha desde a infância. Para uma criança, a bagunça é considerada algo saudável, mas para um profissional pode ser um desastre e um carimbo de incompetência na testa.
Se você se considera uma pessoa desorganizada, é essencial que você saiba se "encontrar" na bagunça, assim com diz a letra da música "Da Lama ao Caos" do Chico Science e Nação Zumbi,


[...] Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar [...].


Use de artifícios como planilhas, blocos de anotações, post-its, agendas, e-mails, alertas de celular, enfim, o que melhor se adaptar para que o trabalho não te devore.

No início da minha vida profissional, logo notei em mim um grave problema: falta de memória.


Era impressionante a capacidade que eu tinha de esquecer o que me falavam passamos 10 minutos. Se pontuavam algumas tarefas então, era o meu fim! Se alguém dissesse, "Marcia, faça isso primeiro, depois isso e finalize com aquilo, ok?". Ok.


Feita a primeira tarefa... - Que? hã? O que era pra fazer depois? - Que horror! Como eu podia 
esquecer de algo tão rápido assim? Se passasse um dia ou uma semana era como se eu sofresse de amnésia. Não lembrava de absolutamente nada do que havia feito no passado.


Precisava resolver essa situação de forma rápida e de modo que isso fosse eficaz para a minha vida profissional. Não poderia viver uma situação daquela jamais!


Foi então que decidi criar um "diário de bordo" bem simples. Criei um arquivo no Word e quando me ordenavam algo, eu corria para o programa, digitava tudo, lia e relia as informações e fazia o meu trabalho.


O escopo do documento era mais ou menos assim:


Dia: __/__/__
Horário: __:__
Responsável: Fulano(a) de tal (na época eu respondia por 5 pessoas. Sabe o ditado "Muito cacique para pouco índio?").
Trabalho: Fazer isso, isso e aquilo.
Trabalho realizado: Dia __/__/__, as __:__ fiz isso, isso e aquilo, entreguei, tirei dúvidas com tal pessoa e entreguei material para pessoa tal. Fulano aprovou material no dia __/__/__ as __:__.


Só faltava eu tirar duas vias, pedir a assinatura e registrar em cartório.


Se alguém me perguntasse alguma coisa, corria para o diário de bordo, fazia uma busca rápida pelo assunto e logo achava a resposta. Era meu cérebro fora do corpo.


A princípio mantive o diário em sigilo, pois acreditava que as pessoas iriam achar que eu possuía algum tipo de disfunção mental ou dislexia, mas conforme o tempo foi passando acabei revelando meu "segredo" e posteriormente todos acabaram recorrendo ao meu cérebro fora da caixa. (Nessa época utilizavam bastante o trocadilho "Thinking outside the box".)


Acabei sendo reconhecida pela emprega como uma pessoa organizada e prestativa. o.O Quem? Eu? Era exatamente isso que me faltava, por isso a ideia do diário de bordo.



Aos poucos, fui adquirindo um pouco mais de segurança e experiência na função e me desvencilhando do diário. Confesso que, em certos momentos, ele me faz falta. Mas da mesma maneira que eu mantinha o controle total da situação, ele me controlava totalmente. Era uma espécie de vício, eu não iniciava nada sem antes registrar no diário. Logo, percebi outro problema: atraso na entrega de materiais.


Eu passava tanto tempo registrando tudo o que deveria fazer no dia, que o que era para ser feito ficava em segundo plano. Por sorte, percebi isso antes dos meus superiores, e comecei a me organizar de outra maneira. As tarefas diárias eram tantas, que eu mal tinha tempo de abrir qualquer outro programa que não fosse aquele para concluir o que me foi destinado.


Notei, então, que a minha memória já não estava tão fraca assim e já conseguia assimilar todas as ordens sem me perder. Fazia todo o trabalho no prazo estipulado e somente no final do dia registrava no diário, quando eram trabalhos menores, anotava em um post-its como lembrete.


Hoje, o diário de bordo se transformou em um pequeno pedaço de papel de rascunho onde anoto as pendências em ordem de prioridade. Deixo o papel sobre a mesa e no dia seguinte basta uma rápida leitura para começar o dia com força total.


Espero que os profissionais desorganizados (e àqueles que porvetura vierem a trabalhar em parceria comigo) possam encontrar uma forma de manter o trabalho em ordem, melhorando a fluidez do trabalho em equipe.

Comentários

Alyne Lourenço disse…
Olá Marcia, tudo bem? Gostei desta idéia que você teve de escrever sobre sua experiência no mercado editorial, parabéns!
Sobre o post de hoje, confesso que também tenho um arquivo em excel onde organizo minhas tarefas, projetos, quem me passou e data de entrega, pois mesmo sendo uma pessoa organizada a rotina, a quantidade de projetos, enfim, não há memória que aguente tanta coisa.

E vc, foi no Photoshop Conference? Como foi?

Beijo
Bianca disse…
Oi Marcia, que bom saber que não estou sozinha nesse problema com a memória. Também costumo anotar tudo, mas em um caderno, que estou sempre consultando não só para acompanhar o que tenho para fazer, mas pra ter um controle do que foi feito e como foi feito, coisas que em semanas ou dias eu costumo esquecer.
bjos
Marcia Marmore disse…
Oi Alyne, não consegui ir no Photoshop Conference esse ano. Mas ano que vem não perco por nada!

Obrigada pelo comentário.
Beijos
ian disse…
também sou utilizador da folha com as prioridades e os postits na tela com as coisas mais urgentes... tinha um chefe que sempre me falava "anota", quando me via sem uma folha de papel na frente dele... hoje sou o ponta-firme... heheh

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